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Versos dos poemas de Marcelo Zacarelli...

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Aço da Saudade

Aço da Saudade

Lamina cega que ao pulso cerra O frio do teu metal confronta-lhe a face Que ocultas sinais e tremores O teu golpe que do frio sangue jorra Esvaziar se faz em copos rasos Um sorriso disperso e atento Inquieto espera o desferir Não mais que o tempo o machuca O aço da saudade que penetra...

No Silêncio do Seol

No Silêncio do Seol

Quero ser o seu poeta Seu amigo destemido Ser um cântico sofrido A bebida predileta Quero ser o seu caminho Pelos campos ou deserto Quando longe ou bem perto Emprestar-te o meu carinho...

Monótonas Ruas de Terra

Monótonas Ruas de Terra

Vento que passa como música Folhas secas a bailar Sem destino voam lúcidas A procura de um lugar pra descansar Neves emprestam um branco Forram os canteiros de gelo Tais como um sorriso brando Perdem-se em minutos de desejos...

Sentimentos e Mantimentos

Sentimentos e Mantimentos

O encanto se acabou Acabou-se o encanto Acabou a farinha A manteiga e o sossego Acabou-se! Mesmo que por enquanto Acabou o que chamo de desejar O que chamo pelo nome E nem nome têm E mesmo se tivesse Não o chamaria Mesmo que por engano...

Chance

Chance

Descalço na areia de frente ao oceano As ondas vêm a molhar os meus pés E consequentemente voltam para os seios do mar Por que não posso voltar? Assim se faz o vento Vem de onde não se imagina E vai para onde ninguém determina Assim sou eu nesta sua vida Preciso apenas uma chance pra recomeçar Você precisa de um milhão De motivos pra me aceitar; A imensidão do mar me deixa muitas dúvidas Tamanha é a grandeza desta sua solidão Não é diferente no que se mostra no deserto No íntimo solitário...

Peito em Carta

Peito em Carta

Pensamento que não para quieto Cria asas inimagináveis pra te ver O tanto que te amo já não sei bem certo Saudade que invade da vontade de morrer Sobrevoa por cidades e arranha-céus Pensamento louco indomável Que me apanha pelos ares, farto de visão E ao mesmo tempo solitário...

Natureza Irônica

Natureza Irônica

Rosas enfurecidas Uma a uma se desfazem Imperfeitas tornam a si Corpo violentado e sangrado Carne vegetal em cinzas espalhadas Na pira que não cessa, exumadas; Logo após em noiva se transforma Em algoz, lúgubre, insensata Equilibra-se em falso casamento E rude as apanha num jardim Quase sem vida, murcha Fétida entre outras se destaca...

Leite Derramado

Leite Derramado

Sobre o olhar incrédulo e desatento O leite ferveu, subiu e derramou... E por quase dois segundos O fogão não reclamou É um sujo que se limpa com o pano Desperdício de alimento, ou engano... Fruto do organismo mecânico Ou pensamento...

Rosa de Hiroshima

Rosa de Hiroshima

Estranhas pétalas cinza De uma rosa estarrecida Perfume suave como a morte Esse tal perfume inseticida Rosas estranhas que envergonham Que caiu sobre Hiroshima; Estranhas pétalas cor de rosa De uma rosa assombrosa Veio do céu o desespero E o desejo homicida Sobre esta rosa cor de rosa Dolorosa de Hiroshima.

Coração Doente

Coração Doente

Quando dói o coração Não tem jeito São lágrimas que vem de dentro Do fundo do peito Não sou perfeito Sou pensamento Sou folha seca Que baila no vento Sem tom, sem cor, sem sabor...

Meias Rasgadas

Meias Rasgadas

Ao sair pelo mundo a fora Estava certo de que procurava Algo com sentido Ou a solidão Olhei para o relógio O tempo parecia correr Mais do que as batidas Do meu coração...

Crepúsculo

Crepúsculo

O velho homem bem que tentou Tomar inspiração na tal tristeza A saudade da mulher que amava É o que restou Quando o sono pesava-lhe O rosto sobre a mesa. Ao dormir no crepúsculo da noite fatídica A vela se apagou junto à poesia Talvez em sonho a realidade verídica Daquele velho homem Extraia toda a dor Como da pena que vazou a tinta...

Favela tão Bela

Favela tão Bela

Dizes o porquê donzela Que tu vens da favela De um bairro da periferia Tão pacata e tão fria Da vizinhança corriqueira Do feijão queimado Na casa da fofoqueira Não te quero donzela Longe da beleza da favela...

Utopia

Utopia

Eu te decorei Como profissional apaixonado Eu te desejei Como um carnal assim tão fraco; Nua eu te possui Na utopia ignorante da pintura Sobre o olhar atento da Hipocrisia dos meus olhos; Que não tardaram em julgar A displicência do teu corpo...

O Pé Feio de Gesimara

O Pé Feio de Gesimara

Gesimara, Meio que na farra Quase me escondeu Chinelo de dedo De rosa vermelho Que se escafedeu, A que mal te pergunte A alguém que curte Estes pés teus...

Estação Rocha Leão

Estação Rocha Leão

Com teto de telhas francesas De marseille era a velha estação Desde 1887, não se via tamanha beleza. Os tempos modernos destruíram a velha estação O coração da velha locomotiva parou Não bate mais nos trilhos de Rocha Leão...

Engenheiro Manoel Feio

Engenheiro Manoel Feio

Mauá foi de Barão, Manoel de itaquá! Na descoberta de Anchieta um anseio Que ele jamais poderia imaginar Ter um bairro da cidade com o nome feio. Nos dias de hoje presto uma homenagem A esta gente humilde que vive em nosso meio Aos viajantes que por aqui passaram Jamais irá esquecer-se de Manoel feio...

Obra da Teosofia

Obra da Teosofia

Coração é valente nas batidas do peito Estação de folhas secas carregadas pelo vento Coração é covarde amedrontado pelo medo É inverno sem saudade céu nublado e cinzento. Coração é lápide de mármore, histórias frias Que pulsa dentro ao peito, nas batidas pela vida... Estranho pergaminho, de palavras escondidas Do engenheiro lá do céu, a mais pura obra prima...

Peito Traidor

Peito Traidor

Acalentas-me do inverno que é duro Tomas-me em falsos desejos Quando renasço em amor e sussurros Quando me matas No veneno dos teus beijos; Venho a dormir De uma noite cansada Uma noite fria Sem vida e sem cor Sonhando acordar Nos seios da amada Que me acolhes em teu peito Que é traidor...

Roxo-Lilás

Roxo-Lilás

De que me serve a camisa Se até os botões já se foram; Eles nem sequer pensavam Eu pelo menos penso e padeço Por um lilás, que um lenço... Mesmo que pequeno Carrega as marcas De um crime imperfeito; Ás vezes se perde na vida Muito por não pensar, Ás vezes por pensar demais Perdem-se os botões da camisa E do batom um roxo-lilás...

Sua Garota

Sua Garota

Viva o quê é bom, leve a no cinema... Não brigue com a sua garota Não vale a pena. O tempo passa tão depressa Logo no deserto haverá flores Mostre a ela à terra do seu coração O tempo não espera por arrependimentos...

Liberdade

Liberdade

Nem Paris parece tão bela Desse nosso Japão brasileiro Das meninas corriqueiras De furtado (conselheiro) Dos amantes da Rua Galvão Bueno. Minúsculo órgão Desta grande metrópole Teu sangue corre Nas veias desta tua mãe; Que te alimenta o sonho De cresceres em liberdade...

Poesia Órfã

Poesia Órfã

Meus olhos saltam em desespero, Quando te misturas à imaginação Se não te vejo reclama meu peito Singela Paloma com toda razão. Onde estás, pequena pomba, Que desertas minhas mãos Na candura do teu voo A letra desta poesia tornou-se órfã...

Unha do Pé

Unha do Pé

Bem sei José, brasileiro humilde é... Que bem cedo ta de pé Pois a roça te espera Na colheita de café; Tenha boas manias, José... No largo da praça da sé Nem sabes que vergonha é Comer a unha do pé...

Rufião

Rufião

Em meu leito embriagado e sóbrio A nudez do meu corpo te espera Mesmo vestida de impureza e lamento Tu vens prostituta, tu vens prometendo... Mulher de poucas palavras, de muitos segredos! À noite é testemunha dos teus pecados O dia dos teus sofrimentos Não chores mais prostituta Cuido-te da grana e dos teus sentimentos...

Jornaleiro Amigo

Jornaleiro Amigo

Nascido de Minas Mais preciso de Guaxupé Companheiro de Ondina Que tomou por tua mulher Jornaleiro honesto Que Deus o tenha Seu Aldo de todos Do alto da penha; Jornaleiro amigo Saudoso avô Á que mal lhe pergunte Por que à morte te chamou...

Minuta

Minuta

Chego a sonhar com tua imagem Que me toma por assalto em meu leito; Mas na pretensão deste momento Era real o testemunho dos meus olhos; Apenas um rascunho desdenhado Da beleza do teu rosto, Beleza sem igual imortalizada e sortida No quadro de um poeta ambicioso...

Esposa da Solidão

Esposa da Solidão

Felicidade que me esqueces De um falso juramento; Jurei amar a ti saudade Prometendo casamento. És viúva de um sorriso antigo Que morreu em falsos lábios; Quando a ti te dei abrigo Desgraçado embriagado...

Emulação

Emulação

Continuas hesitante no teu juízo possessivo Incitas o mal em tua bola de cristal Entre a mais perfeita bruxa, infernal! Esplendida dama de feitiço maleável Acorrenta o coração De um homem indesejável; Até quando mulher será despretensiosa Só não te aturo calada Prefiro a ti fogosa...

Madeiro em Vão

Madeiro em Vão

Ao pé da cruz a lembrança do calvário Hipocráticos da impunidade Que fazem estéticas da humanidade E mancham o sagrado manto sudário Ao pé da cruz o olhar do Cristo incrédulo Do mentor da justiça à esquerda crucificado Do que rouba o pão à direita mutilado Das feridas sobre o pulso do fincado prego

Alma das Flores

Alma das Flores

As flores estão em festa Pois o inverno está passando Um corpo de vida À semente lhe empresta No mês de setembro Do próximo ano...

Coração de papel

Coração de papel

Cai chuva; Os teus pingos não mais me intimidam Eles apenas se misturam com as lágrimas do meu rosto Fazem de mim bem maior o meu pranto Um rio de lágrimas eu vi pelo chão E lá estava o meu pensamento navegando Feito um barco sem rumo em volta do tempo; Minha dor tornou-se tripulante deste barco sem destino Então corremos mar a fora em busca do teu amor...

Um Grande amor

Um Grande amor

O vento gemia... Ruídos ao longe, e dores; Eram vociferações Compenetravam as entranhas. A alma gemia... Suave e despercebida como a vida Voraz e repentina como a dor. Assim é a minha sina... A vida, que vai embora de vencida A dor quando se perde um grande amor...

As Lágrimas do sol

As Lágrimas do sol

Há tempos caminhamos pela escuridão Nossas faces escameadas pela ignorância Ensandecidas, suam ao golpe do tempo... Você acredita o tanto quanto eu, Pois somos guiados pelo coração Traídos pelo sangue dos antepassados; As lágrimas do sol Não se esgotarão até que a noite vire o dia...

Sarcófago rompido

Sarcófago rompido

Não te despeça de um amigo que contigo ceava em vida Quando a discórdia vos uniu em outras pelejas A fatídica vida vos distraiu por um momento Sinto estar chegando à hora O sino que retina me congela a alma A sombria tumba reclama seus mortos Outras sem vida reclamam sua vez O coração é um sarcófago rompido Hora pela vida que desfaz Hora por uma mulher que não o quer mais...

Todo maio é igual

Todo maio é igual

Estou confuso Neste maio congelado As folhas varridas como meu pensamento Desde que ela se foi Não há mais flores nos jardins Se o que ficou para trás Trás-lhe algum sentido Se vier buscar algo que ficou Este portão não há pode impedir Eu lhe asseguro Algo aqui dentro deixou de existir...

A Emboscada dos xamãs

A Emboscada dos xamãs

Sou um andarilho no olho do sol, seguindo as marchas das almas. Vim comer as nádegas das águas, no deserto incerto deixei minhas pegadas. Sigo pelo caminho inverso, para a emboscada dos Xamãs; As aves disputam a carne cansada, dos meus flagelados calcanhares...

Estrada Km 44

Estrada Km 44

Entre tantos descuidos fiz uma descoberta Que a morte não soa tão ruim assim; Quando a pior das mortes sempre é a solidão... Eu, que acabo por vence-las; Que o digam as antigas mariposas As vezes sinto saudades de me ver criança De ver a face do sol, tão jovem quanto as minhas peripécias...

O Verde que lhe falta

O Verde que lhe falta

Se algum dia todas as cores se apagarem Ainda terei um motivo Para furtar o verde dos teus olhos Emprestarei o verde ao mar, O brilho ao sol, O enigma aos mistérios A malícia aos desejos... Se algum dia vier a perder a direção Tomarei emprestada a luz do teu olhar; Como bússola me guiará pelo caminho a seguir E se um dia por acaso encontrar o arco-íris Lembrar-me-ei que o verde que lhe falta Estará para sempre perdido no íntimo dos teus olhos...

Minuta

Minuta

A fragrância do teu corpo nu Incorporou sobre a tinta a desvairar-se Dentre aos mortais pincéis da imaginação; Até mesmo Picasso ignoraria tamanha imperfeição, Quanto mais um humilde poeta, Ao descrevê-la em minha folha de papel, E tentar esculpi-la na magnitude Do teu ser seria loucura; Alguém em sã consciência não hesitaria, Talvez se contentasse com pequeno preencher...

Corpo violentado

Corpo violentado

Quando ao longe percebido O cansaço de um gemido Deste corpo quase nu Lentamente; pela obra despido Feito luz de abajur Quadro imperfeito na pintura De falsa moldura Reflexo de um corpo em desespero Violentado pelo medo Revelado na loucura do pintor Atentado ao pudor...

Cristo Rei em ruínas

Cristo Rei em ruínas

No teu coração quantas vidas tu salvastes Hoje estás doente em ruínas... Cristo Rei! Teu nome jamais será esquecido Levastes o nome do filho de Deus Sofrido; O peso da tua cruz o tempo não carregou Quantas vezes ajoelhastes nos pés do teu traidor... Daqueles que lhe abandonaram o teu nome na história Teus anjos hão de acolhê-lo em sua eterna memória...

Por cauda deles

Por cauda deles

Sobre a mesa alguns charutos E uma garrafa de vinho Eles estavam sóbrios Carregados e expostos Lá fora intermináveis carros Pela ítalo Adami Eles estavam sóbrios. Acenda mais um charuto Pois o tempo é curto Mal terminamos a nossa enquête Alguém terá coragem Para respondê-la?

A Velha valsa

A Velha valsa

Voraz veracidade, de volúpia, de vaidade! A vislumbrante vida, na vala vencida... Ou... Virei à velha valsa Ou... Virás a valsa em versos A verdade verídica virá E verás como veredicto; Vomitaras de teu ventre A vontade veemente A velha valsa que vai com o vento...

Gabriele

Gabriele

Faz do possível ao impossível tua beleza Escraviza todos os olhos invejosos, realeza; És mesmo uma verdade incrédula Essa tal de Gabriela; De fato os teus olhos Contamina outras meninas De um azul quase morto Ou um verde que fascina; Serás mesmo assim tão bela Essa tal de Gabriela...

Uma chance pra nós dois

Uma chance pra nós dois

Tem decisões que precisamos tomar Eu me deparei com uma delas Fechar as portas do meu coração Ou escancará-la de vez Entre o céu e o inferno Amar ou sofrer Entre parar o tempo agora Ou deixá-lo correr... Versos do poema de: Christine Aldo

Por que o seu amor brigou comigo?

Por que o seu amor brigou comigo?

Já faz algum tempo Que meu coração está solitário Por que você não volta E coloca um fim na minha dor Levanta da cama agora e coloca uma roupa Abra a janela e acenda um cigarro Não desperdice esta tarde Tentando me esquecer... Versos do poema de: Christine Aldo

A Cidade do amor

A Cidade do amor

As luzes de mercúrio foram testemunhas de sussurros A lua descalçada aos céus calçava seus coturnos Mas não pense que acertou meu coração pra sempre meu amor Como eu sempre disse; Arujá é a cidade do amor vamos para lá acampar Deixe a preguiça de lado, pois lá o céu é ímpar...

Cidade de BH

Cidade de BH

No contorno de BH Todo fim de tarde é assim Eu parei só pra olhar Transeuntes apressados Pareciam não olhar pra mim; Observando as luzes Dos semáforos em constantes metamorfoses Tuas alamedas arborizadas Das beldades mineiras, encantadas...

A Magia dos olhos

A Magia dos olhos

Quando a alma clamar Te aquieta o coração Não são os teus olhos Que devem escolher Com quem ficar; Quando te apaixonar Não te aquietes A magia dos olhos Inflama a alma Contamina o coração... Versos do poema de: Christine Aldo

Perspicácia

Perspicácia

Compreendes o meu deitar Soberbo e intransigente, que abate a caça no teu desejar Compreendes o meu rejeitar Insaciável e malevolente, que despreza a presa logo após se fartar... Versos do poema de: Christine Aldo

Trilhos da ilusão

Trilhos da ilusão

Sigo acreditando que seja possível Amar sem ser amada é quase que suicídio Estou calejada até as plantas dos pés Perdida neste trilho da vida no revés; De certo que o sol ainda brilha em meu rosto E se o pego pelas costas é por desgosto A vida acaba quando acaba o trilho Porém a dor há de insistir em meu caminho... Versos do poema de: Christine Aldo

Cópula

Cópula

Teu leito sangra na aparência No saciar da gula intransigente Sinto a amarga sudorese nas veias Viúva negra (animal peçonhento) Acasalas-te no mais frio das tormentas; Armou-me uma emboscada Matou-me sem remorsos Meu veneno encubado no teu ventre Terei um verão para esquecer Terás uma vida pra se arrepender... Versos do poema de: Christine Aldo

Um de nós tem que ceder

Um de nós tem que ceder

Estou confusa por palavras que dissemos Você bem que podia me acalmar As relevâncias sombrias de libertinagens Às vezes vacilo às vezes saudades... Eu me daria por vencida caso o mar esvaziasse E transbordasse as minhas indignações Mas por você eu faço tudo Engano até meu coração... Versos do poema de: Christine Aldo

Minha sina

Minha sina

Fácil é viver sem eu, difícil é viver sem elas... Maldito Adão que emprestou as costelas; Tenho minha sina, me contou a cigana Castigo pra quem não sabe viver sozinho; e se engana; Dentre o sopro da rotina, destas, três viraram breu Uma quarta ainda resiste, graças a mim ou graças a Deus; Ainda tenho uma boa lábia ou uma boa cama...

Sínico pensar

Sínico pensar

Veja como é profunda, a dor a cicatrizar Meu amor sinta o meu pulso a pulsar A fogueira que se transforma em cinza a se apagar; O vitupério sínico transparente no meu pensar Venha meu amor ainda é tempo de nos flagelar Rasgar as vestes da nudez vulgar...

Favela tão bela

Favela tão bela

Dizes amante donzela Quando vens da favela Tão bela e tão discriminada De beleza assaltada Joia feia na vitrine da cidade Rara escola de futebol De meninos sem vaidade Como presos de uma cela Realidade bruta da favela...

O Devido valor

O Devido valor

Sobreviver... Todas as minhas forças estão esgotadas Eu sempre vivi você Que acabei esquecendo da minha existência Esquecer... Fácil escrevê-la em um papel branco Tivemos uma história juntos Hoje parece que só existe você... Versos do poema de: Christine Aldo

Monótonas ruas de terra

Monótonas ruas de terra

Neves emprestam um branco Forram os canteiros de gelo Tais como um sorriso brando Perdem-se em minutos de desejo; Folhas desbotadas pelo chão Retrato da primavera esquecida Chuva fina de verão Refrescam a cidade adormecida...

Meu querer é precipício

Meu querer é precipício

Eu invento uma loucura dentro de mim Eu crio asas imaginárias que me transportam Ninguém pode seguir os meus instintos A fogueira que queima em meus olhos Que me cega e me deixa sem controle Eu estou perdida em pesadelos Eu mesma a construí... Versos do poema de: Christine Aldo

Paloma sem teu amor

Paloma sem teu amor

Por engano me sorriu Uma menina me contou Dos braços que partiu Em sonhos que talvez voltou; E agora o que é que faço Paloma sem teu amor Solidão armou-me um laço Dos meus braços te arrancou...

Estrada de outono

Estrada de outono

Se a estrada é infinita Coberta de pétalas fatídicas Teu rastro pode deixar-te um cinza Pensamentos que não te abdicas; O Outono por si só dá-lhe a cor Vermelho-amarelado da vida O corpo das folhas a se decompor Parecem preceder a tua sina...

Faça teu dia valer a pena

Faça teu dia valer a pena

Nossa jangada está quebrada Nossa fogueira transformou-se em brasas Atravessemos o oceano agora Do outro lado não haverá mais lágrimas Coloque um sorriso no teu rosto Faça o teu dia valer a pena...

Vaidade

Vaidade

A vaidade é mesmo o meu pecado favorito Vivo em torno dos prazeres, gulas fantasiosas Invento uma maneira de amar, outra de odiar; Mas estou sempre pronta, como o golpe do lagarto Como as teias da viúva faminta Assim é o meu querer egocêntrico... Versos do poema de: Christine Aldo

Simplicidade

Simplicidade

Se eu não puder sonhar com teu rosto Quero ameno estar em teus pensamentos Na minha simplicidade eu quis ser um quadro Ou ser parte desta obra pintada Mas se eu não puder ser a paisagem Quero ao menos ser as cores Para que quando olhares Possa ser lembrado...

Eu preciso te esquecer

Eu preciso te esquecer

Saudade... É mesmo uma barca furada E agora que estou neste barco Preciso navegar sozinha Tentar chegar à salvo ao porto Aprender a olhar no espelho A dar valor ao meu sorriso Esquecer que um dia Você significou algo em minha vida... Versos do poema de: Christine Aldo

Não consigo chorar

Não consigo chorar

Se acaso você mentir, meu amor Estará mentindo pra você mesma Eu sei quando a dor te visita A madrugada quando chega e estás sozinha O orgulho não há deixa ligar Pra você é mais fácil chorar... Versos do poema de: Christine Aldo

Lágrima não tem cor

Lágrima não tem cor

Lágrima não tem cor Nos olhos verdes da dor O choro baixinho do coração inquieto A solidão certeira na lembrança de um gesto; Lágrima não tem cor No raso rosto a se decompor De improviso em um sorriso se afogou...

Abismo inconsequente

Abismo inconsequente

Nunca pensei que pudesse estar aqui Nunca pensei que pudesse chegar tão fundo Acontece que há muito que cair Às vezes me sinto leve como o vento Às vezes tão pesada como a dor; Acontece que ainda está por vir Todas as vezes que procuro um refúgio Uma maneira de subsistir De fugir daquela quem eu sou Minha alma entra em transe com a realidade E acordo num poço sem fim... Versos do poema de: Christine Aldo

Ensandecida

Ensandecida

Você arrancou um pedaço de mim Deixou-me esquecida neste calabouço tão frio Nunca se pode levar apenas um pedaço Você se esqueceu da melhor parte Não tente voltar para uma mulher ensandecida É em vão que terás meu calor Essa foi tua escolha... Versos do poema de: Christine Aldo

Sentir-te se eu

Sentir-te se eu

Por que chorais por errar, pois em ti não achei culpa Nem em tua alma encontrei teu pesar Vítimas que sois de tão amargura Tão horríveis a faz usurpar; Moribunda, imaculada, repugnas teus dias de sorte E na vala entalhada, estás a pestanejar Em completa insolência em sentença de morte O sorriso que a vida te faz duvidar...

Eu imagino o que faria

Eu imagino o que faria

Não podemos viver só de sonhos Mesmo quando a dor é a realidade que vivemos Temos que seguir em frente o caminho Até que um dia possamos nos encontrar. Eu tento imaginar o teu rosto A barba branca e os teus olhos brilhar Quando me fazia rir no almoço Quando ouvia teus conselhos no jantar...

Eu acabo de matar um amor

Eu acabo de matar um amor

Eu tento juntar os pedaços que ainda me restam Juntar as lágrimas que há muito saltaram Tentar me reerguer, e ver a minha face como antes Quando o amor ainda resistia; Eu tento juntar os cacos do que ainda sou Esquecer o que tenha passado e quem sabe sorrir Ignorar o que passa em minha mente Apenas olhar para frente, enfrentar a minha dor... Versos do poema de: Christine Aldo

O Mundo parece não existir

O Mundo parece não existir

Eu não sei existir sem você Eu não saberia existir sem você O mundo até poderia existir... Eu não me importo se as pessoas não me veem Por que você é o meu sorriso E o mundo não importa pra mim... Versos do poema de: Christine Aldo

Favela tão bela

Favela tão bela

Dizes querida donzela Se tu moras na favela Tão quieta e tão bela De ruas tão nuas De noites escuras De humildes alparcas De mesas tão fartas Dizes-me donzela Se tu vens da favela...

Ruas sem saída

Ruas sem saída

Sinto que algo tenta me devorar Socorro meu amigo, pode me ouvir... Os tempos são outro meu amigo E fiquei perdido sem sentido; Revirei nossas páginas vividas De saudades insanas e desiludidas Noites que não deram em nada Como ruas sem saída; Abriram o meu coração com uma mulher Você se lembra? Ainda tenho uma cicatriz...

De tanto não querer

De tanto não querer

Às vezes você quer O que eu não quero Às vezes eu quero O que você não quer; E de tanto não querer Eu tenho você E de tanto que me queres Me tens pela metade E a outra que não tens Não é minha É saudade de alguém Pensamento que vadia...

Sem saber se vou sobreviver

Sem saber se vou sobreviver

Como poderei viver sem teu amor Como serão as minhas manhãs sem o teu café Meu castelo é esta casa simples; Sem saber se vou sobreviver Eu invento um dia a mais no calendário Por que sei que vou sofrer mais uma vez Quando a noite chegar e eu não ver você...

Favela tão bela

Favela tão bela

Dizes hó linda donzela Se tu moras na favela Dos tímidos quintais Das notícias nos jornais Não te envergonhe menina Das moradas da tua sina Ainda tens uma janela Em tua favela que é tão bela...

O Meu jardim imaginário

O Meu jardim imaginário

As vezes penso que estou ficando velho Daqueles que precisam do balanço De uma velha cadeira Que senti a necessidade do calor Da quase apagada lareira; Às vezes me sinto um garoto sonhador Daqueles que saem no inverno para comprar sonhos E toca o mais profundo gelo, a sua dor...

Unha do pé

Unha do pé

Bem sei José, brasileiro humilde é... Que bem cedo ta de pé Pois a roça te espera Na colheita de café; Tenha boas manias, José... No largo da praça da sé Nem sabes que vergonha é Comer a unha do pé...

Entre você e um suicídio

Entre você e um suicídio

Meu Bem! Estou entre você e um suicídio Um pouco mais e eu terei que decidir; Meu Bem! Se você pensa que irei tomar esta decisão sozinha Não pague para ver então... Eu estou a um pavio de vela Ha um assopro da resignação... Versos do poema de: Christine Aldo

Psiquiátrico do Juquerí

Psiquiátrico do Juquerí

Os homens de branco seriam anjos ou demônios? Que fazem estes nas portas deste manicômio? Um pavilhão diagnosticado de complexos predicados A colônia ainda suporta o peso de esquecidos pecados Porém seus gritos ainda fendem os grilhões dos ouvidos; As metodologias da medicina já viraram cinzas Distúrbios de quase um século jamais encontraram a cura... Versos do poema de: Christine Aldo

Eu preciso te esquecer

Eu preciso te esquecer

Saudade... É uma carta que acabo de escrever Que fala de você Impossível não sentir (a dor) Esta dor que me consome Quando a verdade vem à tona Você é uma doce menina Que eu preciso esquecer. Saudade... Que me pega num cantinho e machuca Eu só queria ser feliz com você Por isso escrevi esta carta... Versos do poema de: Christine Aldo

Hoje a noite promete

Hoje a noite promete

Esta manhã eu acordei pensativa Talvez eu ligue pra ele; Ontem à tarde estávamos juntos Ele quase sempre é meu vício... Hoje à noite, porém, estou sozinha Talvez eu nem ligue pra ele; Preciso repensar os meus surtos Antes que a dor me pegue de improviso; Versos do poema de: Christine Aldo

Mais que qualquer homem

Mais que qualquer homem

Preciso esvaziar o meu coração Desse amor contraditório O meu corpo empilhado na cama Não te serve mais de inspiração Você passa para se trocar E nem se quer olha para o meu rosto Eu perdi todas as forças que tenho Não vou perder o meu tempo Chamando pelo teu nome... Versos do poema de: Christine Aldo

Orgulho

Orgulho

Morreram os teus lábios com o teu orgulho Morreram meus ouvidos... Estupidamente o silêncio nos presenciou Eu estava morrendo a cada passo... Despediu-se sem nenhuma palavra Desintegraram-se nossos corações; Morta estás, porém não me chamas... Morto estou por não ouvir tua voz... Versos do poema de: Christine Aldo

Uma mulher só

Uma mulher só

Se você sentir-se sozinha E não encontrar o seu amor por perto Tudo não passará de uma desilusão (Você pode crer) Para te fortalecer (te fazer crescer); Valorize mais as suas ideias Olhe para o espelho da tua alma Encontrarás perdida a inocência da tua juventude Que águas passadas passarão despercebidas; Versos do poema de: Christine Aldo

Ciúme banal

Ciúme banal

Então minha garota Desfaça agora as suas malas Coloque todas as roupas no lugar, Eu vou fingir que tudo que dissestes Assim de cabeça quente Não faz sentido algum pra mim Mas se você resistir E passar pela porta entreaberta, Eu terei que ceder ao desespero E pedir por favor não vá embora, Você é tudo que um dia sonhei pra mim... Versos do poema de: Christine Aldo

Uma só alma

Uma só alma

Ando meia que sem destino Na contramão da saudade Ouço ao longe a tua voz A desvirtuar as minhas passadas Logo perco a paz Não sei mais distinguir O real da ilusão Utopia da minha imaginação... Versos do poema de: Christine Aldo

Uma noite mal dormida

Uma noite mal dormida

Acabo de acordar de um sonho Compartilhando com você; Então me revisto nua; será que dormi sozinha... Acabo de me vestir Saio mastigando um pedaço de pão, Na bagagem um pensamento, apressada; Ainda confusa sobre o efeito da bebida... Versos do poema de: Christine Aldo

Talvez

Talvez

Meu amor! Talvez eu não seja aquela garotinha educada Aquela cinderela que agrada a sociedade... Mas quem sabe, meu amor! Se Você voltar e dormir esta noite comigo Talvez eu seja sua maior decepção... Versos do poema de : Christine Aldo

A Descoberta

A Descoberta

Quando eu era pequena ouvia dizer... Que no final do arco-íris havia um tesouro Eu há seguia com os meus olhos Durante muito tempo isso eu fiz; Hoje, porém fiz uma descoberta; Eu cresci... Versos do poema de: Christine Aldo

Estou perdida

Estou perdida

O vento sopra um sorriso triste E me trás pensamentos indecisos Procuro por mim, estou perdida Assim como as folhas de outono Procurando um lugar para repousar; Onde mora o vento? Onde anda meu coração? Estou perdida, mas encontrei o vento Não posso dizer a mesma coisa do meu coração... Versos do poema de: Christine Aldo

Quase nada sem mim

Quase nada sem mim

Depara-me com este seu mundo Às vezes você é tudo Quase nada sem mim. Às vezes me assusta Um vazio que me torna transparente; Na certeza absoluta Como a vida passa assim tão de repente; Então não me procure Como me achando fosse me envolver; Não te torture Se a caso em meu lugar encontrar você...

Casinha de tijolos

Casinha de tijolos

O vento sopra forte por aqueles lados Ao longe, sinto o cheiro do café Ao entrar pelo quintal de roxas terras Saúdo os cãezinhos que me fazem festa. Água barrenta retirada do poço Mata a sede de um lábio ressecado Em sua casinha de tijolos Aquele velho homem ainda sonha.

A Morfina no meu sangue

A Morfina no meu sangue

Garota você parece estar perdida Em um beco, parece estar indecisa Eu posso ouvir o teu cheiro, respirar teus anseios; Garota você parece decidida Eu estava passando, não pude evitá-la Você pode correr por outra estrada Escorrer em teu sangue a morfina Encontraremos-nos lá na frente, estaremos envolvidas... Versos do poema de: Christine Aldo

Estação Rocha Leão

Estação Rocha Leão

Que saudades da velha estação Da locomotiva que trilhava a ferrovia Patrimônio histórico que a muito não se via Estação antiga de Rocha leão. Quando ainda gatinhava à vontade de trilhar Nasceu por mão de obra de escravos Estrume de boi misturado com os barros Em rio das ostras ela veio inaugurar...

O Pé feio de Gesimara

O Pé feio de Gesimara

Gesimara; Virgem Maria dos céus! Este que são pés teus Não há quem veja E que não perceba E que não duvide Ser obra de Deus. Gesimara, Meio que na farra Quase me escondeu Chinelo de dedo De rosa vermelho Que se escafedeu, A que mal te pergunte A alguém que curte Estes pés teus...

Utopia

Utopia

Nua eu te decorei No quadro da minha concupiscência Assim inconsequente sem conseqüência Eu te furtei na vaidade da minha alma; Tua imagem tão selvagem Na pintura insaciada Explorada na estupidez dos meus dedos Que estiveram perdidas na insensatez do desejo...

Crepúsculo

Crepúsculo

Ao dormir no crepúsculo da noite fatídica, A vela se apagou junto à poesia; Talvez em sonho a realidade verídica, Daquele velho homem Extraia toda a dor; Como da pena que vazou a tinta...

O Sal da lágrima

O Sal da lágrima

Se por dor ou por amor, alguém a acordou. Do sono profundo do coração, dotada de uma química estranha No lenço ou papel veio absorver em vão...

O Pecado de Amélia

O Pecado de Amélia

Nem bem descansava, os olhos da remela que acordava, Amélia quimera Prostrada sobre a mesa, manipulava o talher, A inquieta mulher O prato! frango ensopado... senhores convidados, em que haveis de provar...

Trinta de julho

Trinta de julho

Fernanda! Bem sei que há de duvidar Que no virar do calendário A primavera há de chegar... Não mais tomarás a lã da cachorra branca O sangue da ferida do teu pulso estanca Pois o Julho da folhinha a de arrancar E um Setembro se aproxima a te esquentar...

Pobre nirvana

Pobre nirvana

Se fosse recitar a dor A platéia dos meus inimigos Levantaria-se a me aplaudir Desta vez fui eu quem traiu; Ainda aquela ópera em desespero Que recita a mesma dor que sinto Ela começa suave como a morte E termina como a vida a sorrir Não que eu não queira falar de amor Seria necessário primeiro conhecê-lo...

Moribundo

Moribundo

Eu, em largas passadas vejo o sol a escurecer Intrépido, estarrecido, hipocondríaco ser Ostento por um momento um pensamento insano O de que posso morrer ou viver por engano; E faz-se medrar na haste a minha dor Em delírio e febre o ardente sangue O tecido do meu corpo em estupor...

Versos e prosas

Versos e prosas

Ensina-me a tocar As notas da desilusão E no soar deste frio Instrumento irá Ecoar-se ao vento Versos e prosas Desta minha vida A saudade... Tentará o peito de alguém A solidão o coração; A ilusão descansará No castanho de um olhar Ou no verde azul De um mar...

Ruínas do nosso amor

Ruínas do nosso amor

Vi o passado lentamente tragado Pelas rachaduras da saudade O relógio do futuro atrasar em meu pulso cansado Mesmo ferido e arruinado pelas rugas do tempo Retorno do passado com a roupa limpa Porém meus sapatos ainda empoeirados Jamais se curvarão novamente Aos favores prestados da ingratidão...

Singular coração

Singular coração

Poesia estúpida da minha vida Sangue na minha veia escorrida Assaltou-me de imaginações Gotas de chuva no telhado Última volta do ponteiro do relógio Assim é a vida De um singular coração E quanto ao ar que respiro Outras primaveras virão Se for pra falar em flores...

A Morte das brasas

A Morte das brasas

Eu, porém, afoito comigo mesmo Afronto meu colo sem dar calor Não que não haja em mim a luz interior Pois quem de mim se apossa, haja amor... Sento a um pedaço de carvalho roliço Fico a observar o fim de todas elas Ardem-se febris, parecem não sentir A proximidade da sua inexistência Mas parecem felizes!

A Tribo dos remanescentes

A Tribo dos remanescentes

Dispersaram-se os corvos da imunda carnificina Atiçaram os coiotes predadores, dentre o sangue das feridas; Abutres disputavam os restos mutilados Dos flagelos que tornastes tua tribo. Vós, os remanescentes da grande tribulação Sereis devorados em um só golpe...

Bússola do teu coração

Bússola do teu coração

Agora você cresceu E quer sair de dentro de mim Quer voar, imaginar, te libertar... Longe do teu coração Sem pensamentos Em completa solidão; Agora você se perdeu Como num sonho teu só teu... Que te encorajou A caminhar no deserto Sem flores ou amores...

Gabriele

Gabriele

De fato os teus olhos Contamina outras meninas De um azul quase morto Ou um verde que fascina; Serás mesmo assim tão bela Essa tal de Gabriela. Meus olhos não descansam na sentinela Por causa de ti Gabriela...

Dicionário de louco

Dicionário de louco

Estive acorrentado em calabouços de saudade Atolado em lamaçais de completa solidão Confesso que tive oportunidades de liberdade Porém curvei-me a tentação da prisão; Não se pode explicar a paixão Coração é como gaiola de portas abertas Onde pássaros não arredam os pés Parecem acostumarem com a solidão...

Noite de natal

Noite de natal

Eu queria que não existisse fome Que as pessoas descobrissem a felicidade Que se abraçassem nesta noite tão feliz. Eu continuo cantando Do fundo do meu coração Acredito que esta canção possa mexer contigo Que possa trazer luz para quem está na escuridão...

Onde anda você agora

Onde anda você agora

Onde anda você agora Eu estou pensando em você... Me banhar a beira do mar Para ver o sol se afogar ao amanhecer Cavoucar a areia com os pés Eu preciso disfarçar o sofrimento; Você está só sem fazer nada E eu estou só pensando em você...

Tudo se transforma

Tudo se transforma

Eis que um leque de flores afugentam as dores Amarelam as trupes dos desamores... Esbraveja o céu com os flashes das náuseas E vomita água na calma das mágoas; E tudo isso aos olhos lhe parece formoso Da penumbra do céu de atordoados clamores...

Rosa de pétalas negras

Rosa de pétalas negras

As rebeldes homicidas... Caules indestrutíveis no corpo de mulher Não mais seria eu se teus olhos não me encontrassem A noite perder-se-ia na escuridão; O sol no vermelho sangue do meu pulso cerrado; A saudade dói, porém a solidão é a própria dor No meu coração nasceu uma rosa Uma rosa de pétalas negras...

Utopia

Utopia

Eu te decorei Como profissional apaixonado Eu te desejei Como um carnal assim tão fraco; Nua eu te possui Na utopia ignorante da pintura Sobre o olhar atento da Hipocrisia dos meus olhos; Que não tardaram em julgar A displicência do teu corpo...

Não sei se irá sobreviver

Não sei se irá sobreviver

Essa tormenta parece não ter fim Faz com que a tristeza e a solidão me abracem A cada batida uma lágrima em meu olhar Essa amargura de me fazer esperar; Nosso coração sofre junto... Tão perto e tão longe de você Não sei irá sobreviver...

Ana

Ana

Aplaudir no aperfeiçoar, Afeto no acreditar Aroma no amor, Aplausos no altar Ana no amor, Ana no acrescentar Ana no ardor, Ana no apascentar Todas estas linhas poéticas se resumem Há um só nome; “Ana”...

O dia de minha morte

O dia de minha morte

Levarei comigo toda sorte De dor e de amor... Não chores pela cinza que restou Talvez eu esteja presente Em um novo amanhecer Quando o outono findar Carregando as suas flores Eu apenas serei Qualquer uma delas Descansando nos braços Da mãe natureza...

O Amor de antigamente

O Amor de antigamente

Me escapa Pela palma das mãos Uma vida Uma incerteza Uma vontade de apostar Que o amanhã Será diferente de hoje Alguém que se foi Que nem se quer notou Que houve amor Que houve dor Escorreu pelo seio Pelo ventre despercebido Um filho perdido...

Inconveniência

Inconveniência

Suporto a cruz megera e valente E turvo meu coração ao engano Me dou esse direito de não ter que responder Soam os badalos das gargantas O fosco pó do ouro me atormenta Fino como o véu da viúva Esparrama o céu por vestes violetas...

Só o tempo poderá responder

Só o tempo poderá responder

Olhamos em volta de nós agora Eu poderei repartir o sol com você Plantar uma flor pra você respirar Podemos chorar a mesma dor de alguém que se perde Eu acredito; e você? Então terás que seguir sem o meu amor Serás forte o bastante? Só o tempo poderá responder...

Conjectura leviana

Conjectura leviana

Hoje acordei pensativa, talvez duvidando da minha própria imagem Ao olhar o meu rosto no espelho da imaginação, procurei-me dentro de mim Encontrei-me em um semblante sincero e sofrido, que apesar de abatido brilhava como luz intensa; Então me perguntei o porquê desta tua conduta leviana; Quando sentastes perante o tribunal das ilusões e fizestes um pré-julgamento em tua consciência Não te importastes com o meu direito de defesa...

A morte nas mãos de uma mulher

A morte nas mãos de uma mulher

Tua voz atiça as cordas vocais de um violino E do estupefato rabecão Regedor insolente, mulher prepotente Com a labuta dos teus precedentes Levantas o coral das torturas Emudeces um homem que te implora na loucura Teces as fibras da nudez e te faz transparente ao olhar da embriagues Silencia a platéia dos amantes desesperados A ópera de um opróbrio desgraçado...

Poesia òrfã

Poesia òrfã

És livre, sobrevoa sem destino, Pelas notas da canção De composição deste desatino Descalça na letra de uma solidão. De peito ferido, Repousas neste galardão À noite te assalta A procura de abrigo Amanheço contigo em busca do pão...

Se eu não matar este amor

Se eu não matar este amor

Existe uma tristeza sem fim em meu coração Ao que me parece ela jamais vai desistir Ela aperta o meu peito Na medida em que eu penso em você Eu saio pelas ruas pra tentar me distrair Eu vejo outros rostos para quem sabe me iludir Mas eu vejo que eles se transformam Na doença que eu não consigo esquecer...

Um novo amor

Um novo amor

Para que chorar Por alguém que não te quer A solidão que torna os olhos daltônicos O batom vermelho cor de carne suicida; Àquele que te trocou Por amores não correspondidos Te abraçou como a primavera E despediu-se como as folhas de outono...

Enigma do amor

Enigma do amor

Observando seu corpo eu me perdi quando me salta uma vontade louca de possuí-la. Você veio não sei bem de onde, só sei que me fez amar, tuas palavras são como correntes que me cerram em um labirinto de prazer. Admira-me como quer, sem que eu possa me defender, sou escravo das tuas insinuações, me devoras com voraz preenchimento...

Ato mútuo

Ato mútuo

Quanto a mim já não me possua Pois a carne é insulto; em reles sofrer Podeis seguir nesta estrada que é tua Nesta minha labuta, tento espairecer; Mas ao entrarmos nesta farsa juntos Dei-te um pouco de mim, e tomei de você... Mas espero que ao forjarmos este ato mútuo Não nos separamos; não consigo viver sem você...

Psiquiátrico do Juqueri

Psiquiátrico do Juqueri

Estão encerradas as consciências em prisões depravadas A colônia de vozes soterradas e subordinadas ao nada; O campo de concentração das almas penadas... Crianças e velhos perdidos em um submundo subalterno Quem poderá sentir o sal das lágrimas lavadas? Os homens de branco seriam anjos ou demônios? Que fazem estes nas portas deste manicômio?

No Cio

No Cio

De um lascivo quente improvável, o contorno profundo dos teus lábios. Qual lança o meu dedo detestável; Vomita lavas teu poço insaciável, submete a língua ao paladar do sol...

A Dália do ártico

A Dália do ártico

Aquele a quem espera a primavera Prematura no ventre dos amantes Quando o sol descer à sepultura dos montes E a noite cair como noiva no teu leito Saberás que o inverno bate em sua porta Gemidos que uivam em vãos pensamentos Franzina fêmea Onde estão as rosas que te acusastes? Não sobreviveram ao duro golpe do tempo...

Não existe por quê

Não existe por quê

Não existem motivos, só um por quê Um porque que você me deixou Não existe um por que, só um motivo Um motivo que você não contou; Levastes contigo um pedaço de mim Deixastes comigo uma lembrança de você Roubastes do meu peito um coração partido Metade é sua vida, metade é meu ser...

Jeito de amar

Jeito de amar

Sorri por não saber à hora De ficar, ou ir embora Mulher incansável Sem você, me faz tornar detestável. Tens o poder de ludibriar No teu colo me fazer sonhar Porém eu confesso sou capaz de morrer No teu jeito de amar, que jamais vou esquecer...

As Aparências enganam

As Aparências enganam

Mas que nada, minha outra face vai ser revelada Esta manhã não vou acordar cedo, vou acordar eu mesmo; Vou sentir na pele o sol que me esquece o pão de cada dia! Deixei o cabelo crescer e fiquei sem emprego, Cortei o cabelo e nada de emprego; As aparências realmente enganam. Ou serão os políticos deste país?

Ruínas do nosso amor

Ruínas do nosso amor

Na minha fraqueza recorro aos arqueólogos da imaginação Para que talvez possam esculpir parte deste meu existir Meus sentimentos dentre as pedras esquecidas da ilusão Perdidos em meio ás ruínas da solidão Meu pensamento aprisionado pelas correntes da insatisfação Não podem libertar-me da prisão provisória dos meus atos Tentarei ao menos me reerguer do pó vergonhoso da derrota...

Segunda chance

Segunda chance

O coração de uma mulher é oceano Que faz um homem em seus mistérios repousar Profundo e obscuro cheio de enganos É ter o mar em suas mãos a esvaziar; O amor que tu negaste pode não voltar Por estar tão perto e tão fora do teu alcance Outros outonos virão o que não se pode duvidar Uma mulher sentida jamais lhe dará uma segunda chance...

As Aparências enganam

As Aparências enganam

Eu não quero filantropia, já é meio dia Já não me basta esta miopia, da visão política corrompida Roubaram o lamento da minha cesta básica Que de básica não tinha nada; Tomaram de assalto a minha coragem Tomaram como se toma um porre, mas que bobagem...

Crime da distração

Crime da distração

Ao tomar tardio juízo Admirou-se da repugnância que o tomara, Por segundos se vira lançado no precipício Por sorte arrependeu-se; E tornou onde estara, O silêncio da voz que o caçoara Trouxeram de volta os olhos, ao horizonte...

Raras incertezas

Raras incertezas

Peca a minha boca só de pensar, nos teus lábios molhados, o batom a ressecar Um roxo da morte, dança no útero da noite; As violetas seminuas Raras incertezas, queimam o coração, ainda vivem na brasa da solidão...

Flor lilás

Flor lilás

Às vezes eu me esqueço Dos tempos que era mais moço Um colhedor de pétalas Nos outonos de março e agosto Mas encontrei-te pelos campos da vida Você quem diria minha flor lilás... Tão rara como o amarelo vermelho Dos sóis dos meses de setembro...

Menino de rua

Menino de rua

Ande logo tio! Antes que me assalte a fome Será que eu pedi a Deus Que nascesse na casa de pobre... Quase não tenho brinquedo Não tenho estudo Não tenho futuro A única coisa que tenho É um caixote nas costas E aniversário no mês de outubro...

Mulher de areia

Mulher de areia

Castiga-me com teu calor absurdo; Para que o sol passe despercebido E deleita sobre mim; Dunas nuas; Espreguiçam meus olhos Mulher de areia encanta-me; Provar-te me faz perder em grãos A nudez inconcebível da paixão Hoje não mais existo; consomes-me...

Átrio da demência

Átrio da demência

Vara-me com pensamentos inescrupulosos Ridiculariza-me com teus anseios Despista as minhas intenções O inferno está a um passo da irracionalidade Sorte é estar despido da tua imprudência Os teus olhos que repugnam as minhas defesas As teias da tua indolência equilibram meu sofrer Espera encontrar-me a beira da loucura...

A Matéria que renegas

A Matéria que renegas

Meus olhos vendados Perseguem as sombras Que se movimentam; O que passa por mim As meninas entorpecidas Passam-me por despercebidas; Meus lábios sim provaram A sede de esquecer alguém; Como o ribeirão profundo Ou o mais seco dos desertos; Porem o que restou? Eu nunca soube ao certo Onde pairavam meus pensamentos...

Uma rosa sobre o vento

Uma rosa sobre o vento

Das entranhas um pavor absorvia Castanho severo que brilhava Em tua retina. Eu nunca soube Direito o que é o amor A nudez da tua alma é que me valia Há um sopro de consciência Na minha dor Que me mata toda tarde de um dia Rosa franzina de fragrância suicida...

Medo da solidão

Medo da solidão

Não tenho medo de me ferir Para isto o tempo pode curar Não tenho medo de mentir Quando a verdade vem libertar; Não tenho medo da maldade Da ilusão ou traição... Já bati de frente até com a saudade Mas confesso tenho medo da maldita solidão...

Não sei mais amar

Não sei mais amar

Ai de mim Que não sei mais amar Um poço raso de descaso Que não brota um lagrimar E fita os cílios cabisbaixos O chão, o coração... O que mais? Ai de mim outra vez Que não sei mais amar...

Ruínas do nosso amor

Ruínas do nosso amor

Na minha fraqueza recorro aos arqueólogos da imaginação Para que talvez possam esculpir parte deste meu existir Meus sentimentos dentre as pedras esquecidas da ilusão Perdidos em meio ás ruínas da solidão Meu pensamento aprisionado pelas correntes da insatisfação Não podem libertar-me da prisão provisória dos meus atos Tentarei ao menos me reerguer do pó vergonhoso da derrota...

Ondina e a cadeira

Ondina e a cadeira

Na capitonê da cadeira verde musgo Ondina rosna uma opera em toada De repente um silêncio, quase susto E a morte lhe parece descompromissada...

Janaina menina

Janaina menina

Janaina menina, pequena sereia... Dona do sol teus passos na areia Ensina-me o caminho me faz a certeza... Este teu lindo sorriso, menina beleza. Janaina, cabocla menina... Dona do vento, da manhã vazia Teus cabelos assanhados, tua pele macia... Mãe natureza que mais fascina Pequena cabocla, Janaina menina.

Mania de ficar sozinho

Mania de ficar sozinho

Ela se foi... Foram-se os dias Uma vida que passou, soou o sino O desatino, o meu amor... Embora soubesse Este meu destino Mania de ficar sozinho Foram quatro Estes meus caminhos De flor, de horror, de saudade...

Sem manchas

Sem manchas

A sensatez do teu espírito jovem Toma como logradouro o meu coração A sensibilidade da tua alma Empobrece meu orgulho E acrescenta meu gostar Por tudo isso Meus olhos te procuram E o brilho do teu rosto me acompanha; Feito luz mercúrio No infravermelho do meu coração...

A Direção do vento

A Direção do vento

Você veio me conceber uma luz Uma luz que clareia você Ou será que veio me entorpecer Com seu jogo de mentiras Podemos disfarçar Ou ser nós mesmos Podemos sorrir, ou chorar Poderíamos nem estar aqui esta noite Mas não podemos fugir de nós mesmos...

Harakiri

Harakiri

Minha alma insana inflama Banhada a sangue de punhal, reclama; Todos os meus instintos foram extintos Meu orgulho ferido, banido. É preciso cortar a carne para purificar a alma O cálice amargo da vergonha que me acompanha... Todas elas embriagam as minhas entranhas O poema da minha morte em estrofes estranhas...

Vidas na contramão

Vidas na contramão

Estética de um labirinto feminino franzino Farsas ingenuidades da menina, o sorriso; Imprevisíveis escaladas, uma tragédia anunciada As fornalhas daquele olhar queimaram os cílios da minha petulância Fizeram meus lábios se afogarem na ganância...

O Mesmo destino

O Mesmo destino

Onde foi que nós erramos... Se ainda há tempo para nos reerguermos Façamo-lo agora Ou cortamos da carne a dor em que sangramos É certa a morte o fim de que calamos Apressas-te, pois desconfio que só ou juntos Estamos fadados ao mesmo destino...

Quando o relógio atrasa

Quando o relógio atrasa

Cicatrizes na lembrança e vontade de ser gente; Quando cresce deixa de amar e se torna doente Se eu pudesse parar o tempo, tornaria mudo este meu lamento Mas o ponteiro da vida não atrasa as horas A cada batida do meu coração é um segundo a menos; Vou atrasar o relógio no meu querer insensato Vou voltar atrás neste meu ato impensado...

O Risco de nos conhecermos

O Risco de nos conhecermos

Teus lábios assim tão auspiciosos Se perdendo na nudez da minha vontade Tão vulnerável tão carente de saudades É preciso romper as barreiras da ilusão Ignorar a distancia que separa da razão É melhor correr o risco de nos conhecermos Que de amor ou saudades um dia morrermos...

Será que dói

Será que dói

Um lado de mim Só me quer mais perto A desilusão é besteira É ilusão passageira; Outro lado de mim Teima em discordar Viver só, dói, será que dói? Onde estão meus amores?

Falar com as mãos

Falar com as mãos

Giz branco no quadro negro Simplório, meus pensamentos Desenho teu rosto a imaginação Como uma música suave em vão As cores deste mundo são negras Como óperas de um estarrecido ser Porém é assim que me vejo sem me ver...

Negra

Negra

Negra insana Que me enganas! Seria tua pele Que me fere Teu olhar jabuticaba Que me acaba Negra escrava Ai de mim Em teu deitar Negra vulgar! Que consomes Este pobre homem Agora doente Por ti carente Negra insolente...

Pergaminhos do coração

Pergaminhos do coração

A terra descansa tranqüila no epicentro da razão Mas a carne fraqueja dentre os rios se poluem O satélite provoca as ondas dos mares Os vulcões vomitam suas lavas Os animais se abatem no comensalismo As geleiras das costas se deslocam Um coração revolto desperta do túmulo das incertezas Há um livro bem guardado com seus pergaminhos e mistérios Nada é mais terrível que a maldita saudade...

Luciana

Luciana

Surpreendentemente Seu olhar me engana Luciana, Luciana... És assim tão vulgar e sacana No seio da noite Vestida de dama E faz se perder Boêmios como a mim Que louco por ti É capaz de morrer...

Há um amigo que se foi

Há um amigo que se foi

Mas você sempre estará comigo Nas minhas canções Você era o meu palhaço amigo Que fazia a vida ter sentido Você era assim... Eu ando tropicando nas pedras Procurando pelos mesmos caminhos Eu tento ao menos te encontrar...

Junho de outono

Junho de outono

Transeuntes pensamentos Estes em um junho de outono Por capricho do destino Flores amareladas e sangradas pelo caminho Teus olhos cruzaram os meus Um nevoeiro cinza espaireceu Atordoou-me por um passado recente Por um segundo nossos lábios quase mente...

Ontem a lua me fez sonhar

Ontem a lua me fez sonhar

Mas a lua me encanta me fascina; ludibria Faz me sonhar acordado; mesmo de dia Eu me despeço da solidão e da saudade; quem diria À noite assaltou-me de um sonho tolo E me fez acreditar que podia amar ou então morria...

Ondina e a cadeira

Ondina e a cadeira

A mão inquieta procura pelo café quase frio E derrama sonolência sobre a pífia sala A boca arreganhada desprovida de um vazio Para um golpe de amargo se prepara...

As pedras não reclamam

As pedras não reclamam

Outras virão com certeza Mas é certo que a solidão Também virá Te ocultas em ti tamanha incerteza Que em pedaços tuas dores multiplicam Não podeis nem sentir nem tocar...

A Morte nas mãos de uma mulher

A Morte nas mãos de uma mulher

Regedor Indulgente, mulher inteligente Com a batuta dos teus dedos Faz o mar se acalmar, um homem flutuar em pensamentos O sol enxugar as lágrimas no teu corpo quente Um mortal se tornar poesia no colo do teu seio...

Morena

Morena

O Outono já agonizava Em um desses maio qualquer Porém o coração palpitava Desejo no coração de mulher. À tarde já se dava por vencida E o sol avermelhava no cio O peito carecia de guarida E o colo reclamava de um vazio...

O Verde no vermelho

O Verde no vermelho

Ela vestida no vermelho Faz com teus olhos dominar Todo castanho se ajoelhar; Quando ela passa no vermelho O verde dos seus olhos sobre-sai O mundo parece que ficou daltônico E se esqueceu das cores...

Amor de mãe

Amor de mãe

Amor de mãe é eterno Não se tem por ele em vão Pois amor de paixão São amores que vem São amores que vão; Quando o amor é eterno Não se tem por ele em vão Como amor de mãe pelo filho Quando ainda embrião...

Amanheceu uma esperança

Amanheceu uma esperança

Hoje o sol acordou vermelho Eu jamais havia visto algo assim As ruas de paralelepípedos estavam tomadas Por vozes de reconhecimento Eles eram jovens Havia um grito em seus pensamentos...

O Golpe do lagarto

O Golpe do lagarto

Estou à caça da solitária libélula Encontramo-nos em meio às investidas do acaso Inflamaram-se as glândulas multicores; No deserto da vaidade animal A fêmea armou-me uma emboscada; Outros desperdiçaram suas flâmulas pecaminosas...

Raras incertezas

Raras incertezas

Traço um sorriso, fino como o ouro, porém envelhecido. Descubro um tom, avermelhado de amargura, estonteante e rejuvenescido. Vejo as pétalas caídas, ouriçadas pelo tumulto do outono ventríloquo...

Trinta de julho

Trinta de julho

Fernanda! Bem sei que não é para tanto Que empilha teu corpo num canto É possível sentir tua dor, teu desatino Ao som estridente do violino Como o frio que lhe rasga o tímpano; Como ópera detentora de tua alma Como letra corrupta, e nua que te vara...

A Primeira vez

A Primeira vez

Medo quem sabe ou loucura O revés o inverso da ternura Nossos corpos um dia talvez Se perca ou se encontre Pode parecer bobagem Quando os olhos se fecham Tudo passa pela cabeça Fingimos-nos de morto Quando há tanta vida...

Casta gueixa

Casta gueixa

Aos quase dezesseis desta minha existência Afligiu-me por pura casualidade; Da carne arrancada, perdeu-se a inocência Fruto este seu dá nua sensualidade. Neste meu pecado e duro Abriu-se os olhos; Não como antes...

Quiçá

Quiçá

Todo poema morreu Todas as flores feneceram Quiçá, o meu coração... Súbito prelúdio que me acometeu Se o que tenho é meu Não dou a ninguém Dentro de um ataúde eu escondo Da carne ao pó, Da alma a subtração...

Lábios carnudos

Lábios carnudos

Veneras em teu olhar verde mar Tinta guache borrada no infinito Verde água das matas Delineado torto contornado pelo impossível Tua boca engenharia do pecado Faz-me falar em reverência Palavras vagas, espontânea Faz me ajoelhar no anonimato De sonhar um dia tocá-la...

O Tempo e a fotografia

O Tempo e a fotografia

Um críquete, isto mesmo! Um aperto no botão Parece simples quando não se imagina Que aquele momento refletirá para sempre A imagem imortalizada que nem o passar do tempo Pode apagar da memória Este é o retrato da vida Ou melhor, dizendo... Uma foto revelada Um momento imortalizado de alguém...

Sarcófago rompido

Sarcófago rompido

Espera romper o silêncio maldito de uma tarde de domingo Onde possa se ouvir o ruído de uma lágrima Espera-se que as folhas rastejem ao chão Que a marcha das formigas continuem Que as entranhas da terra gesticulem Que os horrores dos sepulcros desconfiem Olhar ao seu redor e olhares estranhos vos cumprimenta...

Dor

Dor

Quem dera fosse à música, a ti ouviria... E se dela fosse o volume Pudesse baixar, ou pudesse aumentar! A letra do verso que me trairia Tornaria em outro verso a me aliviar...

Quando teus olhos me procuram

Quando teus olhos me procuram

Quando teus olhos me procuram... Estou perdido; Quando se perdem as manhãs no infinito; Na destreza de um sorriso triste... Perdido por alguém que teima em me notar Perdido por te querer amar; Teus olhos sem direção estão perdidos Como barco a deriva ou precipício Olhares de desvios, de charmes e vícios Procura por alguém imperceptível...

Pergaminhos do coração

Pergaminhos do coração

O tempo ruiu as acrópoles Arruinou a antiga Grécia e um coração... A bela dos cabelos negros ostentou o olhar de um menino O entregou a própria sorte Voraz em teu apetite se rebela e amordaça Como a fúria dos tornados Incendeia Roma e os fios dos cabelos de um mortal Fumegam as tuas sobrancelhas As lavas da tua língua derramam sobre os campos da concupiscência...

Mãe dos meus dias

Mãe dos meus dias

Não fogem as mariposas e gafanhotos? A madrugada anuncia uma noite gelada Vou me deitar com você para te protegê-la Para te fazer mãe... Vamos ler um livro e contar uma história Algo que nos dê um motivo para sonhar Vamos acordar e ver o por do sol Envolver-nos com a nossa ideologia...

Auspiciosa flor

Auspiciosa flor

Absolutos prazeres em ti conheci, cravo imaculado e raro; Tuas belezas estão escondidas nas dores, dos teus amantes que sofrem por ti. Ai de ti! auspiciosa Flor.... Que desarraigastes das tuas pragas; Não te conhecerão na tua morte, do sangue que vaza do caule das tuas mágoas...

Literatura traída

Literatura traída

No berço frio da ingratidão No leito vazio da manhã expira Em agonia a gestante solidão Deu à luz a imprevisível poesia; No berço frio da ingratidão Chora uma criança de fome... Fome de amar... Fome de escrever De crescer e virar poesia...

Não chore pelo outono

Não chore pelo outono

Se o vento mudar a direção Atirando as folhas contra, Um murmúrio esbravejado do céu Irá detê-las, todas elas... Lembre-se que um pensamento Independe das estações, Um amor pode nascer no verão E morrer no outono, Assim como as folhas não descansarão Até que encontre repouso num vazio coração...

A Lua veio não

A Lua veio não

Hoje a lua está minguante, delirante... Posso vê-la tão errante, num instante! Contemplando os amantes, alua fascinante. Hoje a lua veio não, solidão... Não posso vê-la do sótão, sem razão! Não me deu explicação, talvez esteja... Escondida no Japão, a lua veio não...

Ontem a lua me fez sonhar

Ontem a lua me fez sonhar

Mas a lua me encanta me fascina; ludibria Faz me sonhar acordado; mesmo de dia Eu me despeço da solidão e da saudade; quem diria À noite assaltou-me de um sonho tolo E me fez acreditar que podia amar ou então morria...

Taça quebrada

Taça quebrada

Recolhes em uma taça Minhas lágrimas choradas por ti E embriagas por ti mesmo Em outros lábios que riem de ti Bebida amarga Que dos meus olhos saltam Tão doces como o mel Por tua boca recolhida E ao mesmo tempo repartida Mulher alheia, mulher adúltera...

Sínico pensar

Sínico pensar

Meu amor... Há um lago de fogo no meu olhar Arde como um corpo sedento de desejar Abrace-o sem medo de se queimar, Meu amor... É doce como o mel o meu desejar Mata como a cobra e adoece em febre o seu picar Venha minuciosamente... Venha transar...

Armadilhas da paixão

Armadilhas da paixão

Sonhando está acordado Acordado vive sonhando Por muitas vezes ter imaginado O perfume de sua flor exalando. Apaixonado é mesmo um desengano Vive sorrindo para não chorar Menti para si mesmo que não está amando Quando todos percebem seus olhos lacrimar...

Desenganos

Desenganos

Na melhor das intenções Aparas-te em um sofrimento Tosco como a saudade E abrupto quanto há um sentimento; Eis que rola um suave gemer A boca que reclama o coração... Partiu de alguém que não sofreu Ao carregar no colo as tuas dores...

Desilusão

Desilusão

Há tempos ouvi dizer De estórias que... Por alguém morrer Ou viver... Sem alguém, se perder... O amor com saudade do ódio O bem e o mal, por sinal Juntos em um mesmo objetivo No coração pulsar, furtar, sofrer... Como ouvi dizer, há tempos... O amar, o trair se enganar... No olhar que cega este meu duvidar.

Utopia da minha vaidade

Utopia da minha vaidade

Tem dias que tenho vontade de correr na chuva Tropeçar com as pernas do meu coração Cair de peito em uma poça d’água; Tem dias em que me sinto o lodo da lama Vejo a vida escorrer por entre os dedos À tarde de uma primavera ceifar meus pensamentos...

Hieróglifo

Hieróglifo

Não são diferentes de um homem em seu pesar Anódino pela vida entregue ao ataúde Não mais escreverei poesias Em um papel de pão no café da manhã Relatarei minhas tristezas No mármore gelado da ilusão Vivo buscando decifrar uma frase sem razão No entardecer cinzento do outono Toco a ocarina até o céu vestir de negro...

Sinto inveja daquela menina

Sinto inveja daquela menina

Ela morava debaixo de um teto, Pouca mordomia Balançava na rede acanhada, Debaixo da árvore sombria Pouco se ouvia sua voz, Do silêncio que emudecia Daquela singela menina, Sentada na beira da via Sinto inveja daquela menina, Solitária sobrevivia...

Utopia

Utopia

Eu te pintei Como quem pinta arrogante Na irresponsabilidade dos amantes O delírio de uma imaginação coadjuvante; Eu te decorei Como profissional apaixonado Eu te desejei Como um carnal assim tão fraco...

Coração em pedaços

Coração em pedaços

Quem dera estes bilhões de átomos Que se tornou meu coração em pedaços Em meu peito matéria voltasse a ser As manhãs não voltariam a me ver Por que a noite sorriu a se decompor Na morte absoluta em que encontrei meu amor...

Clarabela

Clarabela

Onde repousas pequena Clarabela Meu ouvido reclama o teu canto Diga-me e juntarei as tuas cinzas E de Minhalma extirparei o meu pranto Pudera fosse eu o Criador E não partirias do meu lar sem razão E arrancaria do peito tamanha dor Trazendo de volta teu canto em meu coração...

A Resposta da saudade

A Resposta da saudade

Não me pergunte sobre as palavras Que soaram aos nossos ouvidos Acenda um cigarro se achar preciso Descontraída neste momento notarás Que tais palavras eram frutos da imaginação Descontrole total da nossa paixão Não me pergunte sobre os corpos colados Quando não faz sentido...

O Segredo das sete chaves

O Segredo das sete chaves

Dentro do coração de uma mulher existe um mundo desconhecido Onde muitos objetivos estão escondidos Quando na verdade o que queremos são as mesmas coisas Procuramos as mesmas vontades, e ficamos esperando o momento de agir Na verdade torcendo para que não chegue tão rápido este momento; Porque sentimos medo de descobrir o que realmente queremos?

O Desaparecimento do homem

O Desaparecimento do homem

Seremos flores plantadas ao deserto Não restará pedra sobre pedra Ficarão os escombros como lembrança Almoçaremos com os escarnecedores Os lobos tomarão como fiança as nossas almas A ignorância é a maior inimiga do homem Quem tem sabedoria guarda sua porção Não atira aos porcos As migalhas da própria consciência...

A Amazônia dos teus olhos

A Amazônia dos teus olhos

Vejo de cima as suas copas largas E o coração do Aconcágua Vejo as crianças correrem descalça E uma vontade arrebatadora. Vejo as águas turvas da várzea, decorrentes E as águas escuras de Igapó no coração do homem Vejo a esperança do cerrado a caatinga Extraidores desarmados de vergonha...

O Anjo caído

O Anjo caído

Esta noite eu perdi o sono... Sonhei que caminhava no calabouço do Hades Matava minha sede em Pison, a narrativa de Gênesis; Por crime de genocídio, ceifas nos campos de Auschwitz Socorro! Socorro! Heinrich ainda está vivo...

Adolescente perdida

Adolescente perdida

Mulher criança que a todos encanta Dona de um sorriso inocente Olhar descontente És mulher de fato em seus atos És criança crescida, adolescente perdida Criança mulher que a todos engana Na escultura do teu corpo Na bravura do teu rosto És criança no teu jeito de convidar És mulher na beleza de deitar...

Papel vulgar

Papel vulgar

Fala de ti em noites de anseios Fala por mim que por ti não desejo São teus os meus carinhos, afagos e beijos Toda uma vida abandonada nos atos de teus pleitos; Papiro desfalecido de perjúrios prescritos Minutas profanas de lábios em atritos Pois a ti minha estória confie em manuscritos E violastes em público os meus falsos instintos...

Eu devia saber

Eu devia saber

Eu devia saber que terminaria assim A barba grisalha, esdruxula, crescida Eu é que deveria me acostumar comigo Assim tão cheio de mim, de alma vazia Preencho o meu quarto com tamanha solidão Trancafiando enfim todo o pensamento Tudo que restou de mim se resume em pôr do sol Que todas as tardes caem do firmamento...

Reerguer-se do oculto

Reerguer-se do oculto

Solene, a tua voz, soava em alarido mudo Sobre o sol das incertezas, lacrimeja o moribundo. Sobre a haste, a fincada carne, dissipada desfalece Ao jorrar o sangue quente, que no seu ventre umedece. Tosco é a saudade, que vareia os teus rumores Promíscuo da maldade, repentino como as dores...

Ilhas flutuantes

Ilhas flutuantes

Abaixo dos meus olhos vejo as ilhas flutuantes Tal como presa cercada de incertezas A espera de predadores famintos Ilhas acorrentadas pelo sistema Dominadas, sentadas e acomodadas Enxergando a esperança com o binóculo da ignorância...

Anjos ou demônios

Anjos ou demônios

Tu vens com tuas asas Posar na candura do infinito Na boca que arde como chama Profana em teus gelados ouvidos. Tu vens imaculada Celebrar o gozo no precipício Sustentada por tuas asas Amor e ódio ou sacrifício...

Vale das árvores secas

Vale das árvores secas

No vale das árvores secas Descansa minhalma Tão seca quanto ao vale Que repousa nesta calma... Silêncio medonho Quebrado pelo gemido Apoteose de um sonho Pelo tempo destruído...

Falar com as mãos

Falar com as mãos

As cores deste mundo são negras Como óperas de um estarrecido ser Porém é assim que me vejo sem me ver... Faz desta vontade um barro amolecido E molda a tristeza em mil faces ocultas...

Lobo ferido

Lobo ferido

Quem poderá fender a cicatrizes que carrego? Tenho o tempo por inimigo e cansaço... Tenho sede por um lábio dissolvendo Águas desperdiçadas e lágrimas absorvendo...

O Golpe do lagarto

O Golpe do lagarto

No deserto da vaidade animal A fêmea armou-me uma emboscada; Outros desperdiçaram suas flâmulas pecaminosas A mariposa está farta de exacerbadas ideologias Batem as asas e anfíbios despedem-se do acasalamento...

Tudo se transforma

Tudo se transforma

Eis que um leque de flores afugentam as dores Amarelam as trupes dos desamores... Esbraveja o céu com os flashes das náuseas E vomita água na calma das mágoas...

Tudo se transforma

Tudo se transforma

E tudo isso aos olhos lhe parece formoso Da penumbra do céu de atordoados clamores... Míngua um Setembro agonizante dos amantes E nasce um Outubro conivente de temores...

Ato mútuo

Ato mútuo

Quanto de mim ainda podes ter Quanto de ti ainda podes oferecer; Dentre tanto ainda somos iguais Somos falsos amantes... Entrelaçados os pensamentos Nosso tempo que tomamos em vão E você chora por nós em confinamento Eu ainda busco uma solução...

Metade não eu

Metade não eu

Tentamos então nos desvencilharmos Quando você sou eu Quando eu sou você Repartamos o lado obscuro A face oculta da nossa vaidade...

A Culpa do silêncio

A Culpa do silêncio

Um silente bocejar por si só não me salva Entrelaçadas pelos ares em falsa ressalva Uma a uma como plumas ao meu colo repousam; Murmúrios inquietos surgem como arauto Suaves ordinários me tomam por assalto Inumados em teus seios em perdidos acalentos...

Sentir-te se eu

Sentir-te se eu

Moribunda, imaculada, repugnas teus dias de sorte E na vala entalhada, estás a pestanejar Em completa insolência em sentença de morte O sorriso que a vida te faz duvidar..

Logo irei encontrar meu amor

Logo irei encontrar meu amor

A manhã chegou! Anunciando um novo dia Propício como sempre Para lembrar que existe você E que vale a pena amar Assim se faz meu coração Por não enxergar escolheu você Se pudesse ver não acreditaria Na dádiva a qual o destino concedeu...

A Vida é um poema

A Vida é um poema

A vida é a saudade Que aperta o peito É alguém que te espera Num abraço violento A vida é poesia Solidão que vicia É o bater do coração É o corte do umbilical A vida é mesmo assim Dia e noite, não e sim A vida é uma proeza Cercada de incerteza A vida é prematura É eterna enquanto dura...

Estrada Km 44

Estrada Km 44

Ao longo do caminho, quantos mares que secaram Poeiras que o vento nem sabia se levava, ou se trazia Até nisto o coração é enganoso, o peso do tempo não perdoa Carrega a mochila nas costas, mais cheias de pecado que fadiga...

Pra nunca mais esquecer que foi minh

Pra nunca mais esquecer que foi minh

Um sofrer tão singular e meu Quando a música me visita Não é o teu gênero, mas lembra você A controvérsia da opinião As coisas não têm que ser do meu jeito Onde anda você? Pra discordar, pra ignorar, pra amar...

Se eu pudesse existir

Se eu pudesse existir

O inverno colocou um cinza na tua janela Suspirou gelado ao redor da tua cama Você quase perdeu o controle da situação O vento empurrou a porta pela manhã Com seus pigmentos invisíveis Colocou um aperto em seu coração...

O Despertar de um sentimento

O Despertar de um sentimento

Tenho medo de acordar ao som de tuas palavras doces, e me seduzir com o leve toque dos teus dedos, para que no pecado não haja mais tempo de me redimir. Eu te suplico, não deixe que te toque o teu corpo, pois o meu pode haver espinhos que possa ferir tua alma...

A Alma e força da mulher

A Alma e força da mulher

Perder-me na mais vislumbrante beleza Que teu peito oferece, enriqueceria meu rubor, Aquele na qual penetrar no intimo da alma de uma mulher Poderá descobrir na impaciência do seu pulso firme, E na impetuosidade descontraída do seu jeito de olhar Estará escondido um tesouro de inigualável valor...

Cidade de BH

Cidade de BH

No contorno de BH Todo fim de tarde é assim Eu parei só pra olhar Transeuntes apressados Pareciam não olhar pra mim. Observando as luzes Dos semáforos em constantes metamorfoses Tuas alamedas arborizadas Das beldades mineiras, encantadas...

Olhos famintos

Olhos famintos

Em silente oportuno improvável dos meus lábios Rasos, torturados, iminente detestável... A insípida boca sente sede sufocável Do teu beijo maleável, do teu calmo insuportável...

Peito traidor

Peito traidor

Tuas mãos me acolhem No teu peito que é traidor Tuas palavras impuras Contaminam meus sentimentos; Como um pombo ferido Lanço-me em teus braços Em busca da cura Em busca de abrigo...

Intempestiva solidão

Intempestiva solidão

Poderei eu sobreviver à tortura da ternura Flor desarraigada dos escombros da solidão; Poderá suportar os calcários de meu ovário Terrível apetite da estúpida aptidão...

Roxo-lilás

Roxo-lilás

Eu também preso Em um amor que não é meu; Roxo-lilás de um batom Vertical nos lábios de alguém Furtaram-me vários dias; O batom bem sabe Não existe mais Porém das marcas Jamais pude me livrar...

O Tempo e a fotografia

O Tempo e a fotografia

Tempo... O que pode se dizer do tempo! Quando a imagem é que fica... Não se pode dizer que é primavera Se “verão ou outono” pelo cair das folhas Apenas lembrar-se de que outrora tivesse vivido...

A Vida pelo meio

A Vida pelo meio

Foram-se as ilusões Iludidos pensamentos, desapareceram Como vai embora à tarde sem vaidade Meus dias que mato por saudades; Foram-se as razões Se é que as tive comigo Vivi a vida assim por viver A cada lágrima ressentida por me refazer...

Anjo menina

Anjo menina

Meu anjo menina, por que tem que ser assim As madrugadas que me fazem chorar a tua falta Se as rosas virassem ouro; Se toda lágrima caísse sem maior esforço... Talvez pra você; Eu estaria mentindo...

Tempo de esquecer

Tempo de esquecer

Como é gostoso sonhar com você mesmo não podendo tocar o teu corpo Ele me parece tão real, por que sinto meu suor misturar teu perfume E ao acordar sinto o lençol encharcado por vontades consumidas Sei que o tempo fará com que os jardins floresçam, porém a minha alma em flor murchará com a ausência do calor do teu corpo...

Ópera deprimente

Ópera deprimente

Quero castigar o mais súbito do rei E entregá-la aos teus pés Quero me abominar com a ilusória imagem do teu rosto E descrevê-la como os montes em ruínas absurdas Descrever teus lábios como a fria lápide Que despede palavras vidas e partidas Subornar a retina, distorcer a visão Descrever os teus lábios É provar o cálice amargo que me enfarta...

O Tempo e você

O Tempo e você

Quem é você que desafia o tempo? Não sabes o poder que ele tem da destruição? Um pouco mais, é só olhar em seu rosto e contemplarás as cicatrizes que ele te deixou; Marcas irrecuperáveis dentro do seu interior, ele não terá pena...

Por causa deste teu olhar

Por causa deste teu olhar

O coração me dá asas Onde estou se mal podes me ver? Estou de encontro com teu olhar Afogado em tuas meninas Sufocado por teus lábios Tragado por tuas narinas Possuo-te, e me escapas...

Excêntrica dor

Excêntrica dor

Vou me divorciar da excêntrica e romântica vida Da ilusão que me assiste a razão Da cólera da normalidade Da mentira subtraída da emoção Vou resistir às tormentas das minhas vontades E as mais absurdas façanhas das minhas vaidades Quero sentir a dor...

Morfina

Morfina

Tão enganoso como a porção de um ópio Assim é o amor propriamente iludido Injeta em nosso pulso coragem e abismo; Caio na sarjeta da obstinação Sedado pelo medo da falsa compaixão...

Auspiciosa flor

Auspiciosa flor

Ai de ti! cravo... Do vento que sopra os teu calcanhares; Turvo meu coração a ti, para os açoites da noite. Reparas a tua nudez, e abrasa outrem de ti; Quem sentiu o teu espinho? Jugo certeiro da concupiscência...

O Despertar de um sentimento

O Despertar de um sentimento

Teus lábios me fez acordar de um profundo sono, há tempos havia descansado na monotonia dos meus pensamentos. Já não encontrava palavras para expor meus sentimentos, meus lábios estavam mudos, e descansava no som suave de uma música que parecia jamais terminar...

Coração em pedaços

Coração em pedaços

Quem dera estes bilhões de átomos Que se tornou meu coração em pedaços Em meu peito matéria voltasse a ser As manhãs não voltariam a me ver Por que a noite sorriu a se decompor Na morte absoluta em que encontrei meu amor...

A Covardia de não ter te amado

A Covardia de não ter te amado

Eu te amo! Muito tempo depois de ouvir esta frase dos teus lábios, ainda busco entender o porquê de tê-la deixado. Quando o amor dominava os nossos sentimentos, eu deixei que o orgulho imperasse em meu pensamento e falasse mais alto que a razão...

Metade não eu

Metade não eu

Hoje a lua promete Promete ser você Promete ser eu... Ninguém quer ser o céu Imenso e obscuro Você não o quer Eu também não. Estamos os dois a querer ser lua Justo hoje que ela promete Que se faz pela metade Metade minha, metade sua...

Esta tua boca

Esta tua boca

Quando eu vi a tua boca Eu bem que estava certo Quando olhei o seu contorno Era sede no deserto. Ah! tua boca; Que boca... Que vontade de beijá-la Esta tua boca carnuda, Eu morreria só de pensar Eu até sonhei em poder tocá-la Imagine só que vontade absurda...

Utopia

Utopia

Tua imagem tão selvagem Na pintura insaciada Explorada na estupidez dos meus dedos Que estiveram perdidas na insensatez do desejo; Eu te pintei Como quem pinta arrogante Na irresponsabilidade dos amantes O delírio de uma imaginação coadjuvante...

Sentimento de culpa

Sentimento de culpa

Queria voar com meu espírito por aí Pairar e descansar sem culpa e dor Violentar a cumplicidade dos meus anseios Flagelar a carne da minha alma...

A Matéria que renegas

A Matéria que renegas

Estilhaços dos meus ossos Não mais me vês; Não estou aqui! Exceto a matéria que renegas Não estendas as tuas mãos em vão Nem te apiedas deste fraco; No coração deste instrumento Está a esperança que me atormenta No cansaço deste humano músico A dor deste miserável ecoa...

A culpa do silêncio

A culpa do silêncio

Balbucio ao vento nômades pensamentos Que pairam na gorja em completo esquecimento Sucumbem às verbetes, se perdem aos ventos... Meu amor anuncia certo arrependimento...

Sínico pensar

Sínico pensar

Meu amor... Há um lago de fogo no meu olhar Arde como um corpo sedento de desejar Abrace-o sem medo de se queimar, Meu amor... É doce como o mel o meu desejar Mata como a cobra e adoece em febre o seu picar Venha minuciosamente... Venha transar...

O Relato de um desesperado

O Relato de um desesperado

Um homem deseja entregar-se A justiça literária Se é que há tal existe Por um suposto crime Que cometera; Juízes ortográficos Autoridades contemporâneas Promotoria cética e vulgar Vasculharam a escrita daquele homem Era um conto de amor Absurdo, porém excitante...

Rosto do passado

Rosto do passado

Talvez você se curve a beleza deste quadro Ou talvez tente fugir ocultando tamanha aflição Um rosto que te amou no passado; Porém as tintas do tempo estão neles borrados Porque ninguém pode apagar um grande amor. ..

Danações sexuais

Danações sexuais

Flâmulas aquecem o meu peito São pétalas aflitas agonizantes indefesas Definham uma a uma sem precedentes Um lugar ao sol quer desfilar suas senas A brasa da saudade que mesquinha...

A revoada dos corvos

A revoada dos corvos

Eis que esbravejou uma voz; Uma ruptura nos céus Espalhou-se a corja dos corvos Sobre as cinzas a matilha escafedeu-se Com árduas feridas acampadas na tua alma A morte cura; Mas deixa a cicatriz da emboscada...

Para sempre dormir

Para sempre dormir

Imagino teu corpo em meu corpo Impossível, um sonho pra mim Não quero acordar deste sono Me deixe para sempre dormir...

Lua em chamas

Lua em chamas

Não tente tocá-la com teus olhos em açoite Porque febril a carne, esmiúça e sangra Deitas com ela em tua primeira noite Porque te faz queimar o coração em chamas...

Flor Lilás

Flor Lilás

Tua voz domina em silêncio Como é belo teu querer Que me deixa com fome Mesmo sem comer... Tua postura sensível e adulta Assalta-me de imaginações Como o vento de agosto Desarraiga corações; Como é belo teu querer Que me deixa morto Com vontade de comer...

Esta tua boca

Esta tua boca

Ah! tua boca; Que boca... Que vontade de beijá-la Esta tua boca carnuda, Eu morreria só de pensar Eu até sonhei em poder tocá-la Imagine só que vontade absurda...

Ainda Existe Vida

Ainda Existe Vida

Sentir a areia dentre os dedos dos pés Libertar a alma da solidão Descobrir que ainda há vida sem você. Foi a primeira vez que vi O sol saltar dos seios das águas E o mar despir-se de um verde e vestir azul Eu temia que em mim não existisse vida...

Vamos nos arriscar

Vamos nos arriscar

Podemos jogar o jogo do amor A noite é um convite Vamos lançar a nossa sorte Vamos nos perder somente por uma vez Abra seu coração agora E tente corresponder por mim...

O Segredo das Sete Chaves

O Segredo das Sete Chaves

Dentro do coração de uma mulher existe um mundo desconhecido Onde muitos objetivos estão escondidos Quando na verdade o que queremos são as mesmas coisas Procuramos as mesmas vontades, e ficamos esperando o momento de agir..

Simples

Simples

É simples atropelar a calma quando está exausta Quando se toma um fôlego e retoma a calma E jurar para si mesma que esta vez é a última É simples atropelar quando está exausta O certo é que esta noite vai eternizar...

Danações Sexuais

Danações Sexuais

Doravante o calor a compenetra Nas raízes cruciais dos amantes Outrora as vozes as consolam E rangem abruptos os dentes... Estas danações sexuais arrogantes Profanas as virgens eloquentes Em sedas vislumbrastes desprezíveis O ato do pecado absorvendo...

Rufião

Rufião

Fantoche dos caprichos da vida Da hipocrisia nos teus sentimentos Manipulada pelo efeito da bebida Tu encontras prostituta Derrotada em teu próprio fingimento...

Minuta

Minuta

Dentre aos mortais pincéis da imaginação; Até mesmo Picasso ignoraria tamanha imperfeição, Quanto mais um humilde poeta, Ao descrevê-la em minha folha de papel, E tentar esculpi-la na magnitude Do teu ser seria loucura; Alguém em sã consciência não hesitaria...

Esposa da Solidão

Esposa da Solidão

És quem furta a alegria Vontade no peito prostituída; És quem luta saudade vadia No peito doído à dor extraída...

Uma Rosa Sobre o Vento

Uma Rosa Sobre o Vento

Levantei ao outono as folhas secas Eu as fiz dançar como bailarinas E pairar a fria campa cinza e vazia Tão minha e absoluta Tão nobre como os lírios Na penumbra dos martírios...

Lábios Carnudos

Lábios Carnudos

Como posso descrevê-la Em um papiro branco; mórbido, persuasivo Teus lábios carnudos Tão próximo dos absurdos Veneras em teu olhar verde mar Tinta guache borrada no infinito Verde água das matas Delineado torto contornado pelo impossível...

Todas são Iguais

Todas são Iguais

Ao som da valsa um desencontro, e a tristeza no teu rosto acompanhada da ilusão. Era mês de agosto, era solidão; Ao som da valsa, ela disfarça o reflexo adormecido da bebida; A saudade que embriaga, meia luz do teu quarto, lucidez que se apaga...

Todas são Iguais

Todas são Iguais

Ao som da valsa outra briga de casais. Ela volta para casa descontente, porque todas são iguais..

Todas são Iguais

Todas são Iguais

Ao som da valsa que termina, mais outra garrafa vazia sobre a mesa deste bar. Amanhece sexta feira, e ela sozinha, quem podia imaginar...

O Homem e a Máquina

O Homem e a Máquina

Em preto e branco se desdenha a ferrovia. Anos dourados de notáveis imigrantes, registraram sua passagem na história. Nos museus de hoje em memórias, o grito mudo preso na garganta; Espojado, aflito, expelidos... Pelo pulmão da maria fumaça...

O Homem e a Máquina

O Homem e a Máquina

Ao abrir a porta mais uma estação; Manoel feio, Itaim, tanto faz... Desço em Calmon a trabalho semana que vem em Ferraz...

Homem e a Máquina

Homem e a Máquina

Nas plataformas de piso arrogante, bitucas mal apagadas queimam por dentro; Recolhidas uma a uma sem distinção. A solitária máquina descansa nos trilhos, e os amantes nos bancos das praças. Subordinados a cada segundo determinado pelo relógio da velha paróquia...

O Homem e a Máquina

O Homem e a Máquina

Para trem, para trem! Para na estação... Eu preciso descer pra urinar, comprar cigarro e salsicha no pão; É tão romântico viajar de trem...

O Homem e a Máquina

O Homem e a Máquina

Fio metal em meio à caricatura da nota, ignoram o romantismo que é andar de trem. A cada vai e vem de um humilde vagão; Um desculpa daqui, um não foi nada de lá, e o Brasil jogou mal? Acabo de fazer vinte e um... Empresta-me um isqueiro para mais um cigarro. E a beleza da paisagem que ficou para trás; Tem nada não ela volta à semana que vem...

O Homem e a Máquina

O Homem e a Máquina

O apito irritado do trem, no teu colo fervendo queima carvão. Lá pelos lados de Jaboticabal, o saudoso subúrbio de Rincão. Era romântico ver o pôr do sol esconder-se por trás dos canaviais; A lua que saltava do algodoeiro, parecia até jogador do Santos...

Unha do pé

Unha do pé

É José, assim não vai dar pé Nem sabes que vergonha é Comer a unha do pé Famia de pouca crença É a tar famia de Barnabé De dentre os santos desconhecem O pai de Jesus, José...

O Homem e a máquina

O Homem e a máquina

A algo em comum entre o homem e a máquina A frieza como o ferro na partida em ardor A tristeza da saudade de quem deixou o seu amor Existe uma diferença entre o ferro e a carne A máquina grita por fora expondo os seu sentimentos O homem grita por dentro sofrendo em silêncio

Alma das flores

Alma das flores

As flores estão de luto Pois o inverno está chegando Há um clamor absoluto Dentre as pétalas reclamando...

Amor universal

Amor universal

O amor é vaidade, saudade Do que está preso ou em liberdade; O amor é solidão, é paixão Vai da bicicleta ao caminhão, é razão; O amor é sufoco, deixa louco Mesmo no muito ou no pouco, afoito; O amor é sofredor, senti dor Debaixo da cama ou cobertor, é calor...

A Letra desta minha vida

A Letra desta minha vida

Alguém compôs a letra desta minha vida Composição inteligente me confiou este papel Autor e compositor de prazeres e de dor Calculista e cruel! Alguém que escreveu mais tristezas que alegrias Que apesar da valentia descrevida pelo artista Ao fazer parte de uma estória que passou despercebida Na malicia do autor um interprete quase perfeito Por sua infinita dor no soar de um leve instrumento...

Esposa da Solidão

Esposa da Solidão

Felicidade que me esqueces De um falso juramento; Jurei amar a ti saudade Prometendo casamento...

Meias rasgadas

Meias rasgadas

Hoje acordei Roupas pelo chão Café fervendo no fogão O rádio ligado Tocando uma canção Levantei de meias Rasgadas neste frio chão Busquei um objetivo Não tinha nada no coração...

Quando o relógio atrasa

Quando o relógio atrasa

O tempo é inimigo da perfeição Não tenho tempo, mas tenho inimigos Um deles a solidão; Toda a minha vida por um segundo Passa assim tão depressa e despercebida Não adianta adiantar o passo neste meu compasso Se o contorno defeituoso me desenha no teu rosto...

Rufião

Rufião

Cansada da labuta Tu vens prostituta De mais um dia de luta Perigosa e astuta, de pouca conduta; Diminuto ao juízo lacônico Transparente ao sorriso irônico; Tu vens prostituta Descansar nos braços deste louco...

O Verde no vermelho

O Verde no vermelho

Pedras de esmeraldas Mergulhadas ao sangue; Palmeiras assanhadas Em meio ao escarlate; Sub-verde do mar Banha o por do sol; Fundo de um odre envelhecido Suporta o peso do vinho...

Flor negra

Flor negra

Quando deixa tuas marcas Uma mistura de dor e carinho; Flor negra, teu caule verde marinho As tuas defesas, o teu abraço Nas garras das tuas patas... Faz sentir na pele, suave os teus espinhos...

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